sábado, 28 de junho de 2014

"E queria sempre achar explicação pro que eu sentia"

            Faz mais de um ano que eu não escrevo no blog, que eu não escrevo crônicas, mais de um ano que eu não escrevo um conto. Parei pra refletir que o conceito de Deixar a Janela Aberta é como uma filosofia de vida para mim, deixar algo aberto para absorver o mundo, deixar a mente aberta acima de tudo. As vezes eu consigo, as vezes não. Tanta coisa mudou nesse ano e a escrita ficou de lado, ao lado do meu medo terrível de escrever e saber que nunca será o suficiente, de começar e não parar. Sou realmente muito medrosa. Mas tento acreditar cegamente que sou corajosa, caso contrário ficarei totalmente paralisada, o que não é muito difícil para mim. 
          O fato é que muita coisa mudou em um ano. Eu mudei muito em um ano. 2013 foi um ano de aprendizado, resumidamente. O mais assustador é que eu percebia a mudança acontecendo, eu percebia o meu amadurecimento e isso me assustava avassaladoramente. Eu perdi o chão em 2013, o chão que eu criei nos meus planos ilusórios, o futuro que eu não imaginava de outra forma. Perdi um ano de faculdade. Ganhei várias escolhas a mais. Eu acredito que Deus sabe o que faz, que o universo gira de acordo com nossas escolhas, nos guiando, mas todos os caminhos levarão ao mesmo lugar. Tento me agarrar a essa crença, uma das poucas que eu ainda defendo dos meus próprios questionamentos. A propósito, não há um dia sequer que eu não questione minhas escolhas, que eu não pense no futuro e na minha total falta de perspectiva sobre ele. Não faço ideia do que me aguarda e isso é desesperador. 
           Não sei quando me tornei tão crítica com minhas leituras, quando perdi a graça em certos livros, quando comecei a odiar teoria da literatura e principalmente quando perdi totalmente a fé e a paixão no jornalismo. Não quero escrever notícias inúteis somente para que isso seja vendável, não quero simplesmente passar a notícia como um robô passa uma informação repetida. Eu quero que o jornalismo seja reflexivo, que o texto e a notícia se unam para levar o leitor a um pensamento próprio, um questionamento, uma ação. E eu sei que eu quero uma utopia. Então desisti, e depois de desistir comecei a perceber que não faz diferença, que eu não quero escrever todos os dias, ser julgada pelo meu texto todos os dias. Eu quero escrever porque escrever é libertador. Eu quero escrever para colocar as ideias em ordem, vomitar os sentimentos e reflexões que já não cabem mais em mim. Eu quero escrever porque escrever é minha forma de desenhar o mundo. Simples. Eu quero escrever por prazer, satisfação e empolgação. 
         Demorou um tempo pra que isso se fixasse na minha mente, aliás nem sei se realmente se fixou completamente. Demorou para que a pergunta "mas não era isso que você queria?" deixasse de me abalar por dias. Demorou para perceber que eu não precisava provar nada pra ninguém. "Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira" parei de mentir pra mim sobre essas escolhas e sobre jornalismo. Parei e isso sim foi libertador. Eu preciso superar agora as barreiras que Letras impõe em mim. Preciso entender que quando for analisar um texto ou um livro isso nada tem a ver com a minha relação com a escrita. Não posso deixar isso me paralisar, me amedrontar mais ainda. 
          Novamente não sei quando me tornei tão crítica ao ler, quando criei preconceitos literários e quando deixei de me empolgar com a possibilidade de conhecer autores. Eu não quero ler com a obrigação de resenhar tudo, mesmo que mentalmente, essa nunca foi a minha intenção com a leitura. Não vejo soluções ainda para certas questões como essa. Mas verei, em breve. 
        Tenho tantas ideias e não as escrevo e realizo. Isso é um crime para a minha sanidade mental. Eu que já não me considero muito normal não posso me dar a esse luxo de sufocar a inspiração. Quero mandar um foda-se pra opinião alheia, um foda-se bem grande. 
        Quando me lembro do Deixe a Janela Aberta me esqueço do Dream a litle  dream with me?, o outro blog abandonado. Eu não posso esquecer meus sonhos e só observar a vida pela janela ouvindo minha música preferia e fumando um cigarro. Não que eu não faça muito isso, porém não posso continuar esquecendo meus sonhos. Me pergunto sempre quantos pequenos sonhos e desejos eu deixei de fazer em 2014 por falta de companhia. Quantos shows  deixei de ir, quantos lugares deixei de conhecer, restaurantes e bares que quis ir, e não fui por estar sozinha. Eu mesma mato esses pequenos sonhos, todos os dias, por omissão. O blog nunca foi um sonho, mas sim uma válvula de escape. Justamente o que mais preciso, no momento eu só precisava começar a escrever e postar em algum lugar, colocar tudo pra fora, mesmo que seja desconexo e ligeiramente incoerente. Então o fiz. 
          

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