segunda-feira, 27 de maio de 2013

Mais Do Que Um Mochilão


Há dois meses e meio, minha tia deixou tudo e foi fazer uma viagem. Deixou uma casa enorme entulhada de móveis e roupas por uma mochila com seletos trajes de frio e várias meias. Deixou uma coleção de filmes (mais de 700), deixou um grupo de amigos, deixou uma parte da família que ainda permanece na cidade natal, deixou a rotina. Deixou um diploma de enfermagem, com pós graduação em oncologia, guardado e o emprego também. Deixou um período da vida para trás. Um período que a família toda estava com ela, cada um a seu modo. Deixou, na verdade, todos mais preocupados ainda. Deixou o idioma, deixou o conforto, deixou a estabilidade. Deixou de lado a covardia que muitos têm e embarcou de cabeça na viagem que sempre sonhou.
Com base no que relatei, você pode me dizer: “Normal, ela foi viajar, e daí?”
E daí que ela ainda não voltou. E não vai voltar tão cedo. E enquanto isso, o coração da família ta viajando com ela, aprendendo com ela, sentindo saudade dela. Normal, porém não menos especial.
Porque a cada cidade nova que ela visita, nos países da America do Sul, a gente visita com ela. Já fui ao Chile e a parques incríveis. Tive uma aventura em uma montanha que não sabia como descer. Tirei fotos com a paisagem maravilhosa ao fundo. Quase morri de frio! Estou em Bariloche desvendando a cidade e também parte da Patagônia...

Sem dúvida estou vivendo com ela tudo isso. Aliás, consigo ver como agora ela está realmente vivendo. No sentido pleno que isso envolve. Acho que ela nunca viveu tanto como está vivendo agora. E o orgulho que tenho disso é tão grande que não consigo expressar de outra forma a não ser tentar viver um pouco disso por meio dela.
Pois ao aprender espanhol e fazer a quantidade de amigos que ela já fez, eu vejo o quão somos pequenos diante desse “mundo, mundo, vasto mundo” e ao mesmo tempo o quanto somos importantes, e capazes de perseguir tudo o que sonhamos sem nos importarmos com o tempo que isso vai durar ou demorar. 
Sobre essa importância, eu penso no meu tio, que largou tudo para ir junto com a esposa nessa viagem que ambos planejaram. Sobre como ele é tão parte da família que não os imagino um sem o outro. De certa forma esse casal me fez pensar em como eu espero que o companheirismo seja na minha vida. Assim desse jeito, o jeito de superar tudo que desgasta um casamento e embarcar no relacionamento. De superar tanta coisa e permanecer assim, unido. "Ainda quero alguém me faça querer viajar o mundo sem destino, de mãos dadas e com apenas uma câmera pendurada no pescoço. Quero alguém que me faça ser assim, mais simples.” Porque esses dois são o exemplo vivo de que nem tudo é idealização, e que a possibilidade desse trecho do texto da Bruna Vieira se tornar real é dependente das nossas escolhas.

E eles escolheram viver um momento, que sim, não é menos complicado que a nossa vida normal. Escolheram viver a saudade e enfrentar dificuldades, mas escolheram acima de tudo ir atrás da felicidade que almejaram.

Por isso, quando a saudade bater tão forte que nos fizer chorar, e se não pudermos nos abraçar em nossos respectivos aniversários, tentarei me lembrar de tudo que escrevi, olharei o olhar de vocês nas fotos em lugares lindos e pensarei que o senhor gauche Carlos Drummond de Andrade tinha razão pois “mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração.”
E sim, vocês deixaram saudade, deixaram gente competindo por atenção em cada email que enviam e em cada ligação por skype que temos. Deixaram uma família rezando todos os dias por vocês e para que tudo corra bem na viagem. Deixaram muita coisa, mas ganharam muito mais. 
Além de tudo eles resolveram compartilhar a viagem, as dicas, as fotos, não só com a família mas com qualquer um disposto a ler uma ótima história que ainda está sendo escrita, no blog: http://diariodeumcasalmochileiro.blogspot.com.br/ . 

quinta-feira, 28 de março de 2013

Crônica do Dia e a Influência Americana



Voracidade
Estávamos num cinema nos Estados Unidos. Na nossa frente sentou-se um americano imenso decidido a não passar fome antes do filme acabar. Trouxera do saguão um balde — literalmente um balde — de pipocas, sobre as quais eles derramam um líquido amarelo que pode até ser manteiga, e um pacote de M&M, uma espécie de pastilha envolta em chocolate. Intercalava pipocas, pastilhas de chocolate e goles de sua small Coke, que era gigantesca, e parecia feliz. Fiquei pensando em como tudo naquela sociedade é feito para saciar apetites infantis, que se caracterizam por serem simples mas vorazes. As nossas poltronas eram ótimas, a projeçáo do filme era perfeita, o filme era um exemplar impecável de engenhosidade técnica e agradável imbecilidade. Essa competência é o melhor subproduto da voracidade americana por prazeres simples. O que atrai nos Estados Unidos é justamente a oportunidade de sermos infantis sem parecermos débeis mentais, ou pelo menos sem destoarmos da mentalidade à nossa volta, e de termos ao nosso alcance a realização de todos os nossos sonhos de criança, quando ninguém tinha senso crítico ou remorso.
Mas o infantilismo dominante tem seu lado assustador. Nenhum carro de polícia ou de socorro do mundo é tão espalhafatoso quanto Os americanos. Numa sociedade de brinquedos caros, quanto mais luzes e sirenas mais divertido, mas o espalhafato também parece criar uma necessidade infantil de catástrofes cada vez maiores. O caminho natural do apetite sem restrições é para o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke e para a chacina. Existe realização infantil mais atraente do que poder entrar numa loja e comprar não um brinquedo igualzinho a uma arma de verdade mas a própria arma? Nos Estados Unidos pode. De vez em quando uma daquelas crianças grandes resolve sair matando todo mundo, como no cinema, mas a maioria dos que compram as armas e as munições só quer ter os brinquedos em casa.
Vivemos nas bordas dessa voracidade ao mesmo tempo ingénua e terrível, mas ela não parece entrar nas nossas equações económicas ou no cálculo dos nossos interesses.
Somos cada vez mais fascinados e menos críticos diante do grande apetite americano e de um projeto de hegemonia chauvinista e prepotente como sempre, agora camuflado pelos mitos da "globalização". Quando a prudência ensina que se deve olhar os americanos do ponto de vista das pipocas.

                                                   Crônica retirada do livro “A Mesa Voadora” de Luís Fernando Veríssimo. 


             O Senhor das crônicas Luís Fernando Veríssimo escreveu "Voracidade" antes do ano 2001, data em que o livro A Mesa Voadora foi lançado, entretanto como tal crônica permanece atual e poderia ter sido escrita no ano de 2012 inspirada em uma das notícias que chocou o mundo? Apesar da maioria de seus textos serem atemporais, um motivo relevante que torna essa crônica tão atual é que certas coisas não mudaram nada nos EUA em mais de 10 anos. A comida continua a mesma e a população mais obesa do mundo só vê agora o resultado explicito de toda a Junk Food que ingeriram. As armas continuam sendo vendidas como brinquedos e massacres em cinemas e escolas não são ficção.


          No dia 20 de julho de 2012 um fã do vilão Coringa se empolgou com a sessão especial  do filme "Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge"  invadiu o cinema da cidade Aurora no subúrbio de Denver, Colorado, e iniciou um tiroteio. O estudante James Holmes, de 24 anos, comprou legalmente todas as armas que usou e 6.000 cartuchos de munição pela internet. Para os espectadores do filme a cena surreal que presenciaram deixou marcas fortes,  12  mortes e 59 feridos. Apenas 32 km separam o cinema da escola Columbine onde 13 estudantes foram mortos por dois colegas de classe no ano de 1999. A compra de armas de fogo nos Estados Unidos ainda é fácil e psicopatas tem total acesso a isso.


       Porém o apetite voraz dos americanos não é preocupante só pelas armas e brinquedos, seu consumismo exagerado não impõe limites e suas crianças caminham a um estágio de obesidade alarmante. Como lidar com tal influência americana e a cultura presente em nosso país que super valoriza o estrangeiro e tem como inspiração o tal país de primeiro mundo?


      Nossas crianças também estão obesas, todavia nenhuma medida está sendo tomada, educação alimentar deveria se tornar uma disciplina escolar. Outra disciplina obrigatória deveria ser aquela que incentivasse o pensamento crítico e tirasse a maioria da população da alienação causada pelas marcas e pela mídia, porém essa é uma utopia. O documentário "Muito Além do Peso" expõe de forma clara toda a influência e sua consequência. Portanto até onde a saciedade do nosso apetite voraz é compensadora?  


quarta-feira, 27 de março de 2013

Sobre: Saudade e a Cidade dos Ipês





Nativismo e São Sebastião do Paraíso
         O que eu mais tenho saudade? Do queijo ralado de lá. Tenho que fazer estoque aqui em casa porque eu só gosto desse queijo. Tem gosto de infância, de nostalgia, tem gosto de casa. O doce de leite também é infalível, não tem igual. O requeijão não vende perto daqui, e sabe depois que você experimenta alguma coisa muito boa não tem como aturar as ruins depois. Tenho saudade do açaí que é o melhor do mundo. Tenho saudade do milk shake do Bacana e do sorvete do Sposito...
       Tenho saudade da casa, e do quarto, onde vejo marcas do tempo nas paredes, marcas minhas, marcas do tempo que passou, do tempo que cresci, me vejo. Tenho saudade das ruas, cada uma com uma historia pra contar, com uma lembrança... ruas conhecidas e confortáveis, ruas em que  poderia andar por horas sem ter aonde ir e ainda assim me sentir bem. Tenho saudade da hora marcada de voltar pra casa, dos parentes que sempre via na rua, saudade do medo sobre o que iriam dizer, saudade de tudo.
      Saudade dos primos, das primas, dos tios, das tias, saudades da minha família. Saudade do meu pai, meu avô, minha irmã. Saudade dos amigos que eu sei que me acompanharão até o fim. Saudade de ser folgada na casa deles, de conversar com a família deles, de brigar e gritar com eles e depois abraçar desculpando. Saudade das coisas mais bestas, mais bobas, mais banais. Saudade é mesmo um negocio sem explicação, definição, a gente só sente. Simples. Ou não.
      Não acho que a tristeza que acompanha a saudade de vez em quando é simples. É o contrario, pois eu me sinto feliz, não me vejo mais lá, não me sentiria bem se vivesse lá. Se vivesse teria saudade daqui. Complexo? Imagina!
    "E se" três letras que juntas mudam muita coisa, muita opinião, muita mentalidade e ideia fixa. Suposição. E se tivesse ficado? E se tivesse voltado? E se fosse diferente? E se pudesse voltar no tempo? E se?
    Decidi escolher o "mas". E se eu tivesse voltado? Mas se tivesse não conheceria as pessoas daqui, não iria a lugares aqui, não viveria tudo que vivi aqui. Não cresceria como cresci. Certamente seria diferente, e quer saber eu gosto de quem eu sou.
     E o 'mas' e o 'e se' fazem parte de quem eu sou. Eu sou a duvida, as duas partes da coisa, sou a saudade acumulada que se não for posta pra fora machuca. Eu sou. Eu sou tudo que vivi lá. E principalmente tudo que vivo aqui. Eu sou mais que 'e se' e 'mas' vou além disso, todos vamos. O conflito de quem eu sou e quem poderia ter sido sempre vai existir, algumas coisas nunca mudam, nunca acabam, ficam sempre guardadas profundamente, porque são sim inesquecíveis. Como lembranças, como a nostalgia, como a saudade, e como (o melhor de tudo) o reencontro.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Crônica do Dia


Crônica do Amor

"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa."




Arnaldo Jabor é carioca, jornalista, escritor, roteirista, diretor e uma infinidade de coisas mais. Tem opinião forte e ótimos textos. Um de seus livros mais famosos é "Amor é prosa, sexo é poesia", mesmo título da musica da Rita Lee. Você com certeza já o assistiu em sua coluna diária no Jornal da Globo, mas nunca imaginou que aquele cara que fala de assuntos polêmicos, sérios e atuais falaria tão bem, também, de amor.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sobre Caldas Novas e "Água Quente, Água Fria"




        Convivo com pessoas deslumbradas pelas belezas naturais da minha cidade, como a água quente que brota do chão. Mistério, Caldas Novas tem um vulcão adormecido em sua Serra? O atrativo proveniente dos aqüíferos Paranoá e Araxá fica mais instigante com o mistério sobre sua origem, poucas pessoas buscam descobrir de onde a água termal realmente vem. Com seus benefícios as águas quentes têm propriedades medicinais e foram responsáveis por vários pequenos ‘milagres’ em todos que vieram buscando melhoria em sua saúde.
      A cidade recebe também pessoas com a esperança de um recomeço, com a esperança de ofertas de emprego e qualidade de vida, quase sempre a frustração e insatisfação é conseqüência. Estranho, pois como uma cidade que acolhe tão bem todos os visitantes e imigrantes pode fazer brotar esse sentimento? Com a falta de ofertas de emprego além ramo do turismo e comercio as pessoas que são especializadas em outras áreas são obrigadas a se encaixar na principal economia local para sobreviver.
     A pequena ilusão que se forma na mente do turista que visita pela primeira vez a minha cidade é uma ilusão sobre grandes atrações, festas, clubes e diversão. O lado negro da força não é ao menos lembrado, existem dois lados da mesma cidade. Dois lados do mesmo turismo, o turismo que fornece a satisfação e entretenimento e o turismo que fornece renda à maioria da população. O turismo que em feriados gera trabalho dobrado desde aos gerentes dos maiores hotéis até, principalmente, aos garis.
    A potência do turismo tem suas restrições que devem ser melhoradas. Minha cidade é só mais uma cidade turística brasileira com problemas que são tapados com a peneira. A peneira da política. Tento realmente compreender como uma cidade sem preparo para receber milhares de turistas esperados para a Copa do Mundo de 2014 conseguirá suprir as necessidades falhas, como a falta de um atendimento especializado, o desconhecimento da língua estrangeira e outros fatores que demonstram a fragilidade do turismo regional.
     Minha cidade não é só água quente. Minha cidade é serra e cachoeira, é lago e lagoa. Minha cidade é saudade, da cultura daqui e de outras. Minha cidade é nostalgia de um tempo sem turismo misturado com capitalismo selvagem. Minha cidade tem a essência da cura, da felicidade e da natureza, que brota da terra como a água. Minha cidade é mais que a renda, são as fotos guardadas por todos que já passaram por aqui. E ainda passam, e continuo ficando os vendo passar e compartilhar da minha historia, da historia minha cidade. 
       O lugar onde vivo é mais que a galinhada com pequi, é mais que as festas de sertanejo. O lugar onde vivo é mais que demonstra, e gostaria que fosse reconhecido também por tudo que fica subentendido. 

Sobre "Inconsciente Inconsequente" e o filme A Origem

     
         Nós só nos importamos em viver aquilo que vemos, sendo realidade ou não. Vivemos o que vemos sem questionar, acreditando que tais idéias são nossas, que não vale a pena buscar a resposta para nossas duvidas, que a nossa sociedade não muda e que a corrupção vai continuar não importa o que fizermos. Somos seres descrentes em nós mesmos, acostumados com a mídia mostrando o que devemos comprar, o que devemos fazer, como devemos viver, como devemos buscar nossos futuros, a casa que devemos ter para sermos aceitos, o carro do ano, os produtos para cabelo, pele, corpo, todos com a promessa de nos tornar mais bonitos, mais populares, mais aceitáveis a sociedade. 
       As propagandas, o marketing, os programas de TV, sempre ditando nossas escolhas. Somos alheios à isso, compramos inconscientemente. Afinal, se não fosse isso, como explicaríamos o termo moda? Moda, moda, moda. Expressões como “A roupa da moda”, a “tendência atual” “esse sapato ta na moda” entre outras só reforçam a nossas escolhas impostas pela mídia (TV, revistas, jornal, internet, radio) que não são nada menos que propagandas de produtos. Nós como tolos acostumados a não criticar e aceitar que tais mídias expressam o gosto da maioria da população compramos produtos absurdos apenas para sermos aceitos na sociedade. Eu compro esses produtos, você compra, ele compra, todos compramos. Não somos burros completos, somos tolos. Inteligentes são os publicitários que conseguem fazer propagandas para nós comprarmos inconscientemente produtos, que muitas vezes não são de nossa precisão, acreditando que compramos por nós mesmos, porque estamos com vontade, porque gostamos daquilo.
        Tais propagandas plantam uma ideia fixa na nossa mente, como um vírus (como Cobb cita no filme) difícil de ser combatido, e impossível de ser combatido sem questionamento, sem perguntas como ‘porque preciso disso?’, sem força da nossa mente, sem a autenticidade e a vontade de não ser condicionado, de não ficar só na zona de conforto, a coragem de ser diferente da sociedade. Tais idéias não são impostas somente por propagandas, este é um exemplo, idéias podem ser implantadas na nossa mente sem a necessidade de entrar no sonho do outro, musicas, filmes, revistas, amigos. Tudo pode nos influenciar, sendo sutil. Termos o habito de questionar, até mesmo o que achamos ser nossa ideia  nós deixa são. Nos deixa pessoas melhores e mais fortes mentalmente. Nos faz ter personalidade e caráter, e nos faz acreditar que sim, nós podemos mudar a corrupção, os problemas sociais, porque afinal, quem nós faz pensar que não somos capazes somos nos mesmos, nossos amigos, a sociedade. Fazemos isso inconscientemente, como num sonho (ex do filme), porque somos influenciados sutilmente para fazermos tais coisas que acabamos acreditando que são nossas idéias, que aquilo é a nossa verdade. Essa é a maior mensagem do filme, não precisamos de estar sonhando para sermos condicionados, somos influenciados pelos outros ‘inconscientemente’ como se as pessoas entrassem nos nossos sonhos, e estágios mais profundos da nossa mente, como no filme, mas na vida real. Mais real impossível alias, pra mim, meu token é o questionamento.