Samsara é um documentário de 99 minutos lançado
em 2011 no “Toronto International Film Festival”, dirigido por Ron Fricke e
produzido por Mark Magidson. Filmado em um período de cinco anos, em 25 países,
registrado analogicamente em película de 70mm, o que garantiu extrema qualidade
de imagem, tem o diferencial da linguagem não-verbal recebendo somente uma
trilha sonora magnifica como áudio.
Ron Fricke dirigiu, fotografou, coeditou e co-escreveu Samsara, conhecido
por seu trabalho meticuloso como diretor fotográfico, o cineasta americano
trabalhou como diretor de fotografia em partes do filme “Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith”. Também dirigiu outros
filmes que seguem a mesma linha de produção de arte não-verbal de Samsara, sendo
Baraka (1992), Chronos (1985) e Koyaanisqatsi (1982).
O filme é uma viagem pela vastidão do
planeta, guiada por uma trilha sonora espetacular e com uma preocupação especial
entre a sequência de imagens que retratam culturas, locais inóspitos, paisagens
naturais, complexos industriais, lugares de desastre, locais religiosos e
sagrados, momentos significativos e raros, imagens que retratam o planeta, o
ser humano e os mundos entrelaçados dessa Terra.
O título do filme “Samsara” é uma palavra sânscrita
que significa "a roda da vida sempre girando", também descrito como o
“fluxo incessante de renascimentos através dos mundos”, popular nas filosofias
religiosas da Índia, como o hinduísmo e budismo. Utilizada como ponto de
partida para os cineastas em busca da indescritível interconexão que rege
nossas vidas, a palavra encaixa-se perfeitamente entre a trilha sonora propicia
para a meditação e as imagens bem capturadas, conduzindo o espectador a uma
reflexão sobre a vida.
A reflexão guiada nos mostra que o mundo não
é tão pequeno quanto imaginamos enganosamente, que existem variadas culturas,
raças e etnias, principalmente culturas religiosas, lugares magníficos
conservados ou devastados que não somos capazes nem de imaginar. Lugares tais
que nos fazem indagar: esse lugar existe? Nos mostra a diferença física e
cultural presente nesse povo de vida tão efêmera, nós, os humanos. Focando principalmente
nas culturas não tão presentes na mídia mundial fazendo com que acordemos e
pensamos que não conhecíamos esse mundo, esse outro lado do mundo.
Algumas cenas foram filmadas em complexos
industriais, focando no superconsumo existente atualmente, acabaram sendo
chocantes devido ao desconhecimento que nós geralmente temos dos meios de
produção. Por exemplo, o da criação de frangos e também o da fabricação de
ferros de passar roupas.
A trilha sonora do filme é extremamente
cuidadosa e bem feita, guiando as imagens virtuais e as mentais, propondo o
relaxamento físico necessário para a meditação e auxiliando na reflexão que o
filme propõe. Às vezes leve, às vezes intensa, a trilha acompanha as cenas de
acordo com seu teor, tornando a ausência da comunicação verbal imperceptível.
Samsara deveria ser assistido várias vezes,
ao longo da vida, para que fosse interpretado diversas vezes e com
amadurecimento e percepção diferentes. O documentário faz seu papel fielmente,
girando entre países e várias cidades, demonstra a roda da vida, a roda do
mundo, passando por conceitos da sociedade e a diversidade cultural.